Os alunos e ex-alunos do Studio D fizeram um passeio fotográfico ontem para a aldeia Kariri Xocó localizada na cidade de Porto Real do Colégio/AL. No retorno tentamos refletir sobre o que havia acontecido na aldeia, viemos conversando sobre nossas sensações e o que foi na verdade o passeio. Somente hoje percebemos que o significado da palavra passeio não expressa realmente o que aconteceu de fato.
Na verdade a intenção inicial seria registrar a tribo e fazer fotos interagindo com os índios, mas ao chegar ao local a energia mudou nossos objetivos e todos foram se envolvendo com a explicação do pajé Pawanã e a importância deste povo para a nação brasleira. Nossa fotografia se transformou e imergimos em seus costumes, na arte, na cultura, em sua fé e no seu trabalho, pois, para desenvolver este tipo de fotografia é necessário um senso de exploração, tivemos que utilizar a câmera que é um equipamento frio e sem vida numa ferramenta de caça e investigação sócio-cultural para encontrar as respostas que tanto nos inquietavam. Desta forma o que era para ser um simples passeio passou a ser uma espécie de vivência exponencialmente mais interessante e sobretudo mais rica.
"A câmera fotográfica por si só é fria, mas ela passa a ter vida quando você faz dela um equipamento etnográfico." (Daniel Barboza)
Durante os rituais o pajé Pawanã fez seus votos especiais ao aniversário do professor Daniel Barboza (48 anos) e finalizou com o batismo de Kiss Cunha que recebeu um novo nome Tkaya (Mulher Guereira), momento de muita emoção e gratidão de todos presentes.
Ao fim do ritual o deus sol nos ofercebeu uma bela vista do horizonte e uma paisagem repleta de significados que para nós fotógrafos agora tem nosso respeito, foi um momento de boas recordações e muitos registros.
Agradecemos ao pajé Pawanã, cacique Taruanã, irmã Diksha, Nary e toda sua tribo pela recepão, pelos conhecimentos e pelos momentos únicos.
MAIS SOBRE A HISTÓRIA DA TRIBO CARRI:
A denominação Kariri-Xocó foi adotada como conseqüência da mais recente fusão, ocorrida há cerca de 100 anos entre os Kariri de Porto Real de Colégio e parte dos Xocó da ilha fluvial sergipana de São Pedro. Estes, quando foram extintas as aldeias indígenas pela política fundiária do Império, tiveram suas terras aforadas e invadidas, indo buscar refúgio junto aos Kariri da outra margem do rio.
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